O cotidiano alude ao ethos que entrelaça a nossa forma de nos relacionarmos com o mundo, com os outros, conosco próprios e com a história. É o quadro e a matéria-prima dos processos de subjetivação. A sua problematização é indispensável nos dias de hoje, quando transformações abruptas nos modos de vida abalaram as formas de conceber e habitar o mundo.
Como disse Fabio Herrmann: “o quotidiano é o lugar onde a realidade se torna realidade”. Nesse espaço, o delírio é sempre uma potencialidade: luta para não se revelar, reveste-se de hábitos, convenções e crenças compartilhadas, mas habita, persistente, na própria raiz do cotidiano.
Como pensar a clínica da “psicopatologia do cotidiano”, quando a suposta estabilidade do real desmorona e o cotidiano se torna um território de desorientação? O que dizer do comum, se somos cada vez mais confrontados com uma comunidade de individualidades? Como se configura o laço social num contexto de segmentações algorítmicas? Como se relacionam as gerações hoje, atravessadas por experiências tão diversas de estar no mundo?
A relação com o sensível também se alterou. Além do descompasso imposto pelas novas espacialidades e temporalidades, há uma sobrecarga de informações, impossível de ser processada com os recursos psíquicos habituais.
Longe de fomentar sentimentos genuínos, o mundo atual promove uma emocionalidade mediada pelo emoticon e pela lógica do streaming de conteúdos, que permeia com a sua impostura até as esferas éticas e estéticas da política.
Convidamos todos a refletir sobre o quotidiano e suas questões, e a partilhar as suas ideias através da escrita para o próximo número da Caliban.
Por favor, preste atenção às diretrizes para autores. Você pode encontrá-los nos números ou neste site (clique aqui)
A data limite para as submissões é 15 de novembro de 2025.
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