Nos momentos inaugurais da psicanálise a partir das falas de pacientes histéricas, Freud sustentou uma ideia princeps conhecida como teoria da sedução, baseada em uma cena real da infância, reconhecendo-a como a origem da neurose em um nível traumático. Algum tempo depois, em sua troca epistolar com Fliess, o mestre vienense refere-se a seu desencanto sob a frase “Não acredito mais em minha neurótica“1 (pág. 357), reconhecendo que tal cena não havia acontecido de fato, mas havia sido fantasiada. Desta forma, o binômio sedução-fantasia entra em jogo como protagonista.
Assim como a sedução é uma parte fundamental da vida amorosa, embora nem toda sedução implique amor, isso nos leva a pensar sobre a relação entre sedução, gozo, desejo e amor. Na mesma linha, uma derivação da sedução surge na junção entre engano e fascínio, neste sentido a sedução se manifesta em um jogo de espelhos à maneira de Narciso e seu fascínio pela imagem e o que se reflete é o desejo de ser desejado. É por esta razão que, na sedução, o olhar também é privilegiado, tanto no nível da sensualidade e em sua correlação com o corpo quanto na sedução intelectual.
Abre-se sempre questões: O que seduz? Quem seduz? Quem é seduzido? É por isso que também falamos de diversas seduções, elas estão inscritas na estrutura social, na sedução do poder, da fama, da riqueza.
Seja qual for a questão, o que é evidente é que a sedução nos diz algo sobre uma determinada posição ante o desejo, às vezes como um olhar, como uma palavra falada ou, como neste caso, por meio da palavra escrita, esperamos que você seja seduzido por essas ideias iniciais para o seu próprio ato de escrever em Calibán: Sedução.
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- Carta 69 … Confiar-lhe-ei de imediato o grande segredo que lentamente comecei a compreender nos últimos meses. Não acredito mais em minha neurótica. Viena, 21 de setembro de 1897. Freud, S (1990), Extratos dos Documentos Dirigidos a Fliess, (1950 [1892-99]) ↩︎