Raya Angel Zonana Mito e utopia: A origem pertenceu, o futuro pertencerá àqueles que têm algo feminino. Roland Barthes, Fragmentos de un discurso amoroso, 1977. A maior riqueza do homem é sua incompletude. Manoel de Barros, Retrato do artista quando coisa, 1998. —Oh, Deusa venerável, não te escandalizes! Perfeitamente sei que Penélope te está muito…
Read MoreTexto preparatório para Prelúdio a uma ética do feminino
1 Julia Kristeva Essa mulher da qual se escreve: Ela é de aço! Ela é simplesmente “de mulher”. Colette, 1910 Qual ética? Caros colegas: Vocês sabem, o analista exerce um ofício solitário. Uma solidão que a globalização hiperconectada agrava, e na qual – como escreveu W. R. Bion (1967/1983) – “ele não tem outro parceiro…
Read MoreMarie Bonaparte versus Joan Rivière: uma só libido? Mascarada como paixão do significante
Sandra Lorenzon Schaffa1 De fato, se pudéssemos dar um conteúdo mais definido aos conceitos de masculino e feminino, também se poderia afirmar que a libido é, por necessidade e por regra, de natureza masculina, apareça ela no homem ou na mulher, e independentemente de seu objeto ser homem ou mulher. Sigmund Freud, 1905 A tese…
Read MoreSexualidade e diferença
Luis Campalans1 Masculinidade e a feminilidade puras permanecem sendo construções teóricas de conteúdo incerto.2 S. Freud, 1925 Pensando estamos em via de nos encaminharmos para o que cabe pensar.3M. Heidegger, 1957 Neossexualidades? É um fato cultural, social e político inquestionável de nossa época o surgimento e desdobramento de novas formas ou manifestações da sexualidade que…
Read MoreTurbulência cibernética nos consultórios
Jorge Kantor1 Nesta ocasião, Vórticeaborda as repercussões e as expansões produzidas no enquadre clínico pela introdução dos telefones móveis, mais conhecidos como “dispositivos inteligentes”. No final da segunda década do século XXI, os smartphones entraram aos consultórios psicanalíticos para ficar, aumentando o nível de turbulência do (já por si só frágil) enquadre psicanalítico. Inevitavelmente, este…
Read MoreAntropofagia e autoritarismo na psicanálise brasileira
Belinda Mandelbaum1, Stephen Frosh2, Aline Rubin3, Artur Rafael Theodoro4 Introdução A psicanálise surgiu na Europa no final do século XIX, mas desde então tem se disseminado por diversos países, e de modo especialmente fértil na América Latina. Em cada local, desenvolveu características únicas a partir de seu diálogo com culturas específicas, ideologias, condições sociais, políticas…
Read MoreExiladas
Gabriela Levy1 O exílio foi, talvez, a questão primeira, pois o exílio foi a palavra primeira – o antes-do-exílio é o antes-da-palavra.Edmond Jabès, 1980 A doença do exílio é a perda do fora.Fethi Benslama, 2004 Anoção de exílio permeia implicitamente todo o pensamento psicanalítico enquanto paradigma da estrangeirice, isto é, do descentramento subjetivo e da…
Read MoreFugindo da Segunda Guerra Mundial: da Hungria aos yanomami
1 Claudia Andujar2 Eu vou falar um pouco da minha origem. Minha mãe era da Suíça francesa, ela se criou numa cidade chamada Neuchâtel. A uma certa altura, ela quis conhecer o mundo e se dispôs a trabalhar ensinando, fora da Suíça, sobre a cultura e a língua que ela havia incorporado desde pequena, o…
Read MoreCada sessão é uma poética, cada pessoa é uma poesia
Uma conversa com Julia Kristeva1 A estrangeira Por que a senhora “se viaja”? Como você talvez tenha notado no título do meu livro2, há um erro de francês, porque em francês não se diz “eu me viajo”. Diz-se eu me revolto, eu me liberto, mas se diz viajo, e não “eu me viajo”. Eu cometo…
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