Transitoriedades/Incertezas
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Se a incerteza pesa sobre o futuro, o passado não deixa de ser menos incerto.
Em certa ocasião, Freud apela ao conhecido adágio Mater certíssima, pater semper incertus. Entre o certíssimo e o semper incertus das figuras primordiais, a origem de cada um sempre está na incerteza. Viemos de uma cena em que não estávamos, falta-nos uma imagem. São modos de dizer sobre a impossibilidade de um saber, impossibilidade que nos condena à fabulação genealógica, tão presente nos sonhos, nos mitos coletivos ou nas novelas familiares. Ficções transitórias sobre um desejo inacessível. Nas novelas familiares e também nas nossas teorias, poderemos interrogar quais relatos nos interessa guardar intactos e de quais exibir seus tics, seus vazios, como modo de manter vivo o espaço do mistério e da pergunta.
Não é a dúvida, é a incerteza que enlouquece, como dizia Nietzsche, o primeiro psicanalista, segundo Freud. A certeza é do Eu, no entanto o Eu não quer saber, não quer saber da alteridade, da impossibilidade, da incompletude. A identidade do narcisismo tropeça com a fixidez, com a detenção de sentidos, e ali já não há assombro possível.
Na experiência da análise, o analista se empresta ao analisante, tolerando o incerto e seu próprio lugar de passagem. É tomado pela transferência, desaparecendo com sua pessoa em seus juízos, suas paixões, suas preferências. A suspensão do juízo não é um tempo que se detém antes de que algo aconteça, senão o próprio fato por onde pode acontecer algo significativo.
Essas propostas nos levam a abrigar a transitoriedade e a incerteza como posições éticas de toda análise.
Esta nova edição acompanha o tema do 34º Congresso do Fepal, propondo diferentes linhas de pensamento em suas variadas seções e acompanhada pelo valioso e conceitual trabalho do artista Alfredo Jaar.
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